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Restauração da Pátria e do Natal

Lisboa acordou fria no feriado da Restauração.
O Outono sucumbiu perante as rudezas de um inverno antecipado que não se sabe até quando irá e que consequências trará com a abundância tradicional das chuvas.
Os lisboetas, porém, não se amedrontam com as baixas temperaturas e fazem das ruas e avenidas, os trajectos do seu quotidiano.
No dia primeiro de Dezembro- data muito celebrada nos meus tempos de escola primária, com realizações festivas de cariz musical e desportivo -, os defensores da monarquia promoveram uma sessão evocativa da Revolução de 1640, quando o Povo de Lisboa destronou a dinastia filipina espanhola e D.João IV tomou o trono do reino de Portugal. Nada que os da minha geração não tivessem aprendido, numa lógica política que pretendia, sobretudo, transmitir o orgulho nacionalista, mais que os valores da liberdade  e da identidade nacional, onde assenta a história de um povo.
Lisboa passou ao lado das cerimónias realizadas na Praça dos Restauradores, em presença de destacados monárquicos, incluindo D.Duarte, de um reduzido grupo da extrema e de alguns mirones.
O povo de Lisboa passeava, nessa altura, pelo Rossio e pelo Chiado, entrando e saindo dos espaços comerciais que nesta quadra sabem atrair os consumidores para gastos maiores suportados pelo décimo terceiro mês.
Alguém me disse um dia que Lisboa tem o melhor nível de vida do país: os vencimentos são mais altos, ganha-se melhor e os transportes, restauração e comércio, em geral, têm preços mais acessíveis devido à concorrência. Verdade? Não sei. O que constatei é que, em dia feriado, havia gente por todo o lado; gente africana conversando nos seus dialetos e vestindo à moda deles; gente árabe e oriental, trajando seus hábitos que o islamismo impõe.
Lisboa que outrora foi a capital de um grande império e entreposto europeu do comércio com as colónias da América, África e Indias, transformou-se, de há uns anos para cá, num areópago de culturas, numa grande praça tomada por gentes de muitas etnias.
Nesta quadra natalícia, a multiculturalidade reflecte-se na ausência dos tradicionais símbolos natalícios que constituem o imaginário da fé dos católicos. Ruas e avenidas estão ornamentadas com lâmpadas brancas, num clarão que pouco ou nada se configura com a História e as consequências do nascimento do Menino.
A Lisboa cristã dos monumentais Mosteiros e das sumptuosas Igrejas e Catedrais, centenária praça que D.Afonso Henriques conquistou aos mouros do Islão para expandir a Fé cristã, é hoje uma capital descristianizada e laicizada.
O consumismo prossegue indiferente à tão propalada crise económica e financeira e aos milhares de pobres que vagueiam pela estrada sinuosa da vida com a barriga a dar horas e as carteiras mirradas.
Lisboa é uma cidade de contrastes.
Nas principais avenidas, alojaram-se as grandes empresas e marcas estrangeiras que os mais afortunados assiduamente frequentam.
À noite, a escuridão mata a vida nos edifícios altos, enquanto nas vielas circundantes, emigrantes e idosos, vivem em casas degradadas, com rendas do outro tempo.
Aqui e ali, os sem-abrigo, adormecem o infortúnio em golos de álcool, encarcerados na solidão.
Em face disto, bem podiam as ornamentações da cidade lançar apelos à fraternidade, à solidariedade, à partilha e ao não-consumismo.
Mas será que vale a pena, quando esta quadra parece ter sido totalmente conquistada pelo consumismo e pelo lucro?

 

 

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